O vento leva-me as palavras antes que elas possam pousar no papel. Não sei se o café tem nome (deve ter). Fica assente no topo de uma colina suave, oferecendo-me a sua esplanada uma vista sobre a superfície inquieta das águas. Cores variam à medida que o mesmo vento que me embala o pensamento me rouba as palavras. Como faz com as nuvens, milimetricamente decalcadas do céu azul, numerosas, brancas como sonhos incertos, sumindo-se inexoravelmente por detrás do verde profundo dos montes gentis.
Sabe-me a café, este súbito travo de Outono que os meus sentidos decalcam com prazer da ainda visível textura do Verão. O verde oscilante dos choupos que ao longe se agitam é já o prenúncio de uma recordação e, apesar das inúmeras vezes que aqui estive, a paisagem parece-me desconhecida, tocando-me com o mistério da sua inconstante perenidade. Não é no passado que penso. Nem no futuro, sinceramente. A paisagem, dentro e fora de mim, oferece-me unicamente a perfeição irrepetível deste momento.
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